Fórum - Texto 2


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De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.
                                                                                                                                    Rui Barbosa
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Gerações de Pais Decididos


Somos as primeiras gerações de pais decididos a não repetir com os filhos os erros de nosso genitores. E como o esforço de abolir os abusos do passado, somos os pais mais dedicados e compreendivos, mas, por outro lado, os mais bobos e inseguros que já houve na história. O grave é que estamos lidando com crianças mais “espertas”, ousadas, agressivas e poderosas do que nunca.



Parece que, em nossa tentativa de sermos os pais que queríamos ter, passamos de um extremo a outro. Assim, somos a última geração de filhos que obedecem a seus pais e a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos. Os úlimos que tiveram medo dos pais e os primeiros que vivem sob o jugo dos filhos. E o que é pior, os últimos que respeitaram os pais e os primeiros que aceitam que os filhos lhes faltem com respeito.



À medida que a permissividade substituiu o autoritarismo, os termos das relações familiares mudaram de forma radical, para o bem e para o mal. Com efeito, antes se consideravam bons pais aqueles cujos filhos se comportavam bem, obedeciam as suas ordens e os tratavam com o devido respeito. E bons filhos, as crianças que eram formais e veneravam seus pais. Mas, à medida que as fronteiras hierárquicas entre nós e nosso filhos foram-se desvanecendo, hoje, os bons pais são aqueles que conseguem que seus filhos os amem, e, ainda que pouco, os respeitem. E são os filhos quem, agora, esperam respeito de seus pais, pretendendo de tal maneira que respeitem suas idéias, seus gostos, suas preferências e sua forma de agir e viver. E, além disso, o patrocinem no que necessitarem para tal fim.



Quer dizer, os papéis se inverteram, e agora são os pais que têm de agradar a seus filhos para ganhá-los e não o inverso, como no passado. Isso explica o esforço que fazem hoje tantos pais e mães para serem os melhores amigos e “tudo dar” aos filhos.



Se o autoritarismo do passado encheu os filhos de medo e seus pais, a debilidade do presente os preenche de medo e menosprezo ao nos ver tão débeis e perdidos como eles.



Os filhos precisam perceber que, durante a infância, estamos à frente de suas vidas, como líderes capazes de sujeitá-los quando não os podemos conter e de guiá-los enquanto não sabem para onde vão. Se o autoritarismo suplanta, a permissividade sufoca. Apenas uma atitude firme e respeitosa lhes permitirá confiar em nossa idoneidade para governar suas vidas enquanto forem menores, porque vamos, à frente, liderando-os e não, atrás, carregando-os rendidos à sua vontade.

É assim que evitaremos o afogamento das novas gerações no descontrole e tédio nos quais está afundando uma sociedade que parece ir à deriva, sem parâmetros nem destino. Os limites abrigam o indivíduo, com amor ilimitado e profundo respeito.

Carlos Antônio L. Alencar – Texto Adaptado
Disponível em http://www.williamdouglas.com.br/conteudo04.php?id=594

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Baseado em suas leituras e reflexões nos textos do material de apoio, faça o seu comentário do texto acima. Em outros momentos, comente quatro considerações de seus colegas a respeito desse texto.

49 comentários:

  1. A sociedade atual está claramente vivendo uma crise de valores, onde o errado se torna certo e quem age corretamente é rotulado como fracassado. Os próprios governantes dão ao povo este exemplo, já que a impunidade e o “jeitinho” se tornaram parte da cultura nacional.
    Hoje vemos muitos pais negligenciando a educação dos filhos, formando pessoas sem limites, portanto sem referências, que fazem de tudo para satisfazer imediatamente a seus desejos, sem pensar nas consequências para si e para os outros. E por remorso ou “praticidade”, acabam passando a mão na cabeça dos filhos. Estava dirigindo bêbado e/ou sem habilitação? Papai paga a fiança. Furtou um produto do supermercado? Papai vai lá e paga. Ficou com nota vermelha? Papai vai reclamar com o professor. Discutiu com um vizinho por motivo fútil? Papai vai prestar queixa na delegacia. Daí surge a ilusão de que, se o mundo não girar ao redor de seu próprio umbigo, tudo está errado e a vida é injusta.

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    1. Pai e mãe não são amigos, são pai e mãe apaixonados pelos filhos, mas pai e mãe.O norteador, o porto seguro, o repressor, a autoridade. Democraticamente, uma família discute, pensa junto, mas o bem comum tem que prevalecer pela segurança, ética, justiça, dos que tem segurança emocional...os pais! Na direção, conversando com os pais, vê-se medo do filho, realmente pais reféns dos filhos, ultimamente, mais das filhas manipuladoras, chantagistas, barraqueiras, fofoqueiras... Meninas com 13 anos que ameaçam se matar, fugir de casa, engravidar, caso as mães não façam o que elas querem , mesmo porque o atual marido é padrasto não tem nenhuma interferência na educação desta filha que não é dele.Onde ficou a referência, o exemplo, o limite, as responsabilidades????

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    2. Se os pais não forem firmes ao traçar limites saudáveis, através da disciplina equilibrada e positiva, a criança será exposta a condições difíceis e dolorosas, tendo que aprender sob pressão ou se tornando insatisfeito e infeliz por não saber lidar com os limites e as frustrações que são inerentes à vida humana. Sofrimento e angústia fazem parte da existência e, tentar poupar os filhos dessas experiências, é prejudicá-los no enfrentamento da vida.

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    3. Interessante Bruna essa colocação de como eles se sentem “injustiçados”. Mas qual é essa justiça, se não fazem idéia do que realmente isto significa num contexto social. Seu senso de justiça está 100% baseado em suas vontades e falta de limites. Contrariar estas vontades é motivo de fúria e indignação, como é possível aceitar um não se esta palavra não faz parte do meu cotidiano familiar. E o que é pior, lhes ensinam que devem contestar tudo àquilo que acharem injusto, e pára por aí. Já está bom .

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    4. Você tem razão Bruna.Ser bons pais não significa realizar todos os desejos dos filhos.Educar, é saber falar não sempre que necessário, para que os filhos sejam pessoas de bem, de bom caráter e saibam que existe hierarquia, leis, regras para serem seguidas.

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    5. Muito bem colocado os seus exemplos de “Papai paga a conta”, gostei muito de você ter tocado no ponto central desta questão REMORSO, remorso pelo que? Por não ter dado limites quando necessário, remorso por não dar exemplo, como bem disse E. M. Kelly “a diferença entre um chefe e um líder: Um chefe diz, vá! Um líder diz, vamos!“, de nada adianta os pais dizerem aos seus filhos façam, se eles próprios não fazem. Na semana passada, um aluno meu do sexto ano, estava com sono durante as aulas, quando o questionei o porque dele não dormir mais cedo, a resposta que recebi foi “eu durmo na sala e minha mãe assiste TV até tarde...”

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    6. Olá Flávia,
      Concordo plenamente com o seu comentário “Se os pais não forem firmes ao traçar limites saudáveis, através da disciplina equilibrada e positiva, a criança será exposta a condições difíceis e dolorosas... por não saber lidar com os limites e frustrações que são inerentes à vida humana” Em princípio todos os pais querem o melhor para o seus filhos, o problema está em que muitos pais perderam a noção do que o melhor para os filhos não é sinônimo deles terem todos os seus desejos satisfeitos de imediato e, o pior de tudo, muitos pais forçam as situações para os filhos vivam fora da realidade, depois quando surge algo inevitável, o sofrimento vai ser desproporcional, tudo porque aqueles que deveriam proporcionar “disciplina equilibrada” não souberam cumpri o seu papel.

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    7. Também gostei do comentário da Flávia, hoje é tão comum alguns pais mimarem o filho de modo que o mundo se adapte a ele, e quando algo ruim e inevitável acontece, a pessoa simplesmente não consegue lidar com aquela situação.

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    8. Essa pergunta muito nos aflige, Elaine.A sociedade sofreu e ainda sofre mudanças, mas tem certos valores e princípios que devem ser mantidos através das gerações, que são respeito, valores éticos e morais, estrutura familiar onde quem manda são os pais e os filhos obedecem.Será que ter caráter, respeitar hierarquia e regras está fora de moda?

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    9. Olá Carmen,

      Muito bem colocado o teu comentário sobre as mudanças ocorridas na sociedade, porém, da necessidade de se manter os valores que norteiam a convivência em sociedade, afinal caráter, respeitar hierarquia e regras nunca estarão fora de moda.

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    10. O papel dos pais precisar ser bem claro e objetivo perante os filhos. Pai e mãe necessitam saber sua função, seu papel como pais, educadores e exemplos para seus filhos. O papel dos pais é fundamental na formação da personalidade e caráter dos filhos. Saber dizer não na hora certa. A idéia de limite é confundida com a imposição, punição e castigo, esquecendo de que para se dar limites também é necessário a compreensão, o diálogo, o convívio e os respeito nas relações familiares, saber dizer não com respeito e carinho e não somente com agressividade e violência. Os pais precisam perder medo de contrariar os filhos, saber e conhecer melhor com quem os filhos andam e onde estão. Justiça se faz quando se pratica atitudes conscientes de bom senso e discernimento, sabendo respeitar o outro, sobretudo a opinião dos pais. E ter caráter não é questão de época e sim de educação, de ensino e bem recebido em qualquer lugar do bem.

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    11. Algo interessante e vigente nas novas gerações é a inversão de situações, que tem soado como chantagens na aquisição de vontades. Por exemplo, não é mais o pai quem diz: se não passar de ano não vai ganhar presente de natal, mas o filho que tem dito ao pai : se você não me der o celular top, não entro mais na escola, não faço lição...e coisitas piores...
      O adulto na sua culpa da ausência, tem-se deixado chantagear e tem ficado a merce da imaturidade dos filhos.
      Ou então: menino, vai apanhar se responder de novo para sua mãe...o que se tem: se você encostar em mim ligo para o Conselho Tutelar...chamo a polícia, como se atitudes mais severas dos pais para conter o desatino dos filhos fossem ações criminosas. Não estamos falando de espancamento, apenas daquela varinha bíblica, leves corretivos que muitas vezes fazem entender o que mil palavras e conselhos não conseguiram

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    12. A criança precisa que os pais digam “não” até que a lição tenha sido aprendida e já não necessite de ser testada e repetida. As crianças quando sentem que os pais não lhes impõem limites firmes, procuram obter atenção porque se sentem perdidas e inseguras.
      As crianças indisciplinadas, ou seja, as que não sabem como se comportar são demasiadas vezes rotuladas de “mimadas”. Tal comportamento não se deve ao excesso de carinho e atenção mas sim à falta de autoridade. A criança “mimada” é aquela que ainda não aprendeu a conhecer os seus limites.

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    13. cada vez que os pais aceitam uma contrariedade, um desrespeito, uma quebra de limites, estão fazendo com que seus filhos não compreendam, e rompam o limite natural para seu comportamento em família e em sociedade.
      Os filhos sentem-se amados pelo interesse que os pais demonstram mesmo não estando com eles o dia inteiro. E seguros quando os pais tomam atitudes repreensivas ou aprovativas, porque nelas encontram referências.

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    14. Pais que não querem "estragar" os filhos devem se manter afastados do excesso de consumo, evitar aplaudir toda e qualquer coisa que o filho faz e, sobretudo, dar o exemplo.
      Mesmo estabelecendo regras, rotinas e desenvolvendo um vínculo saudável com a criança, ela vai testar os limites impostos. Nessa hora, entender o papel da birra e saber como reagir é essencial.

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    15. Os limites fazem com que a criança tenha comportamentos adequados e respeite os demais. Colocar limites é,um investimento.Sem elem o que observamos são pessoas sem escrúpulos,alunos problemáticos e adultos desajustados.Os adolescentes precisam de limites,regras e liderança.

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  2. Nanci Marti Chiovitti28 de abril de 2013 às 01:13

    Infelizmente, vivemos um momento de crise nas relações humanas... muitos pais estão confundindo autoridade com autoritarismo. Com medo de serem vistos como autoritários, esquecem-se de que é preciso exercer a autoridade sobre os filhos. Hoje, os pais tentam compensar a ausência com bens materiais. Mas o mais necessário, que é o afeto e o diálogo, estão sendo deixados de lado! A falta de comprometimento (algo que falta às relações humanas no geral, nos dias de hoje), tem levado muitos pais a não se responsabilizarem realmente pelos seus filhos. E assim, torna-se mais fácil deixar a criança/adolescente fazer o que quiser e depois culpar os outros (a escola inclusive) pelo fracasso desses futuros adultos. A falta de autoridade dentro de casa é certamente um dos fatores que explicam tantos jovens seguindo o caminho das drogas e da criminalidade.

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    1. Orientador: Alberto A. Maia28 de abril de 2013 às 13:05

      Bruna e Nanci, achei ótimas as suas colocações. Compartilho plenamente com a ideia sobre como "a impunidade e o jeitinho se tornaram parte da cultura nacional."
      Aprecio muito uma frase de Rui Barbosa – abolicionista amigo de Castro Alves e Joaquim Nabuco – que corrobora com a sua afirmação. Assim diz ele: "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto."
      E no palco da educação brasileira assistimos, sistematicamente, nas últimas décadas, o triunfo da mediocridade que culminou com o aniquilamento dos referenciais necessários para o desenvolvimento sadio dos nossos jovens.
      Em algum lugar do passado algo mudou e não foi para melhor. “O filho, antes cuidado e educado pelo pai e pela mãe, hoje sofre a terceirização da fantástica arte de educar.”
      Algum tempo atrás deu-se o “brado de liberdade”: “é proibido proibir”, depois fomentaram a ideia de “quem manda é autoritário” e, por fim, veio a aberração de que o conhecimento é algo que todos podem atingir com o tempo, sem esforço, sofrimento, muito trabalho, disciplina e força de vontade.
      Sobre isso, Lenildes Ribeiro Silva, afirma que “no lugar das formas educativas explicitamente repressoras e autoritárias da escolarização de antes, o que se vê hoje é a efervescência de uma nova maneira de educar pautada no princípio do prazer. A escola hoje facilita o ensino e impede que o aluno atinja estágios de pensamento crítico e autonomia, por uma consciência coisificada. Se antes a escola pecava pelo autoritarismo, hoje ela o faz pela facilitação que não educa; antes, ilude o indivíduo com uma felicidade que não pode ser efetivada tornando o aluno mais vulnerável às adaptações, constituindo um ego fraco, tornando-se assim, pela aparência de não repressão, muito mais repressora que antes.”
      Também, Silvia Rosa da Silva Zanolla considera que “se, por um lado, a educação tradicional merece ser criticada pelo autoritarismo, por outro, a educação atual não merece crédito por confundir liberdade com libertinagem, autoridade com autoritarismo. A tendência paternalista da educação encontra na justificativa do ‘prazer’ um dos principais instrumentos de manutenção.”

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    2. É verdade Alberto, o jovem tem vergonha de ser o estudioso, o honesto, se reprime com medo de sofrer bulling, as meninas não se mostram mais gentis e educadas,zelando com carinho pelas amizades...tudo muito pelo contrário, sempre com palavras de baixo calão, atitudes agressivas, sempre falando em matar, sempre com comentários maldosos...A educação, a gentileza, a polidez, o caráter, o nome/sobrenome... parecem que se encontram numa areia movediça...sempre afundando e desaparecendo...cada vez mais. Contudo, dialeticamente, alguma guinada deverá acontecer...o difícil é saber quantas mais gerações precisarão para as mudanças começarem a aparecer. Se somos a geração dos pais que obedeceram seus pais e tem obedecido seus filhos...a próxima geração não terá obedecido seus pais, nem educado seus filhos...e a próxima geração...será que conseguirá perceber a necessidade das mudanças de valores?????

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    3. É realmente assustador esta previsão Elaine, se é extremamente complicado vivermos estas condições, nós que ainda temos alguns parâmetros para tentar encontrar algum caminho que dê início a uma mudança. O que se esperar de uma futura geração onde estes parâmetros tendem a desaparecer. Onde as futuras gerações irão buscar soluções para enfrentar o caos social que se aproxima, será na religião? Será na ciência? Na política? No bom senso? Nas experiências de vida?

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    4. Olá Nanci,
      Realmente é bastante comum vermos pais que não se comprometem com a educação de seus filhos, depois, para compensar tomam atitudes ridículas como, por exemplo, fazer dívidas para satisfazer os desejos mais fúteis dos filhos... E, para arrematar a situação, não assumem a responsabilidade de seus atos, preferindo, antes, empurrar para outros as suas falhas... basta vermos um depoimento de um responsável por um menor infrator, a culpa é sempre da sociedade, dos amigos, da escola, da polícia, do governo...

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    5. Colocar limites não significa ser autoritário, mas sim ter autoridade. Através da colocação de limites os pais ensinam a criança a respeitar-se e a respeitar os outros. Dizer "não" para uma criança, e ensinar-lhe que ela também pode dizer não, quando alguém quiser lhe impor atitudes ou comportamentos. Na medida em que os pais percebem as necessidades da criança, as identificam e as apontam, ela poderá também identificar quais suas próprias necessidades e como respeitar seu próprio corpo.

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  3. Nanci Marti Chiovitti29 de abril de 2013 às 22:49

    A tendência paternalista da educação, citada pelo professor Alberto Maia, é a tendência de nossa sociedade. Vivemos um momento em que o povo brasileiro se acostumou tanto à este paternalismo, que não sabe mais distinguir o que é política social e o que é paternalismo... Sem querer me desviar do tema proposto, acredito que nós professores, sofremos o reflexo disso quando somos cobrados pelas notas... pais e alunos acreditam que nós "temos que dar um jeito"; acabamos sendo assistencialistas também no que se refere ao cuidado excessivo que nos vemos na obrigação de ter com o aluno, cuidado este que os pais estão delegando à escola... Neste sentido, teremos adultos acostumados a "dar o peixe" e não a "ensinar a pescar" (papel que a escola já teve em certo momento da História).

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  4. É Nanci, sem querer estamos sendo assistencialistas: a escola acabou virando um depósito de crianças e adolescentes. Não vou nem falar da época dos meus pais, mas da minha época mesmo (e não faz tanto tempo assim). Tudo bem que sempre estudei em escola particular, mas meu esposo estudou em escola pública e nós dois passamos por experiências semelhantes. Não havia nota por bom comportamento e tampouco os professores perdiam tempo em ficar olhando nossos cadernos. Quem ia bem na prova passava e quem não ia reprovava. Não havia educação inclusiva, laudo, distinção. Hoje temos que lidar com alunos com vários problemas psiquiátricos e neurológicos sem estarmos preparados para isso. Muitos destes não evoluem academicamente e estão na escola apenas para socialização, e temos que dar o "cinquinho" porque nem esta nota o aluno consegue tirar em uma prova. Olha aí nosso papel assistencialista, viramos babás de luxo! E esse aluno que foi empurrado com o "cinquinho" muito provavelmente vai fazer trabalho braçal por não ter a capacidade de raciocinar e sobreviver pelo bolsa família e cia ilimitada. Então vamos pensar: será que daqui a 20 anos a escola terá feito diferença na vida destas pessoas? É com tristeza que penso que não.

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    1. Bruna e Nanci, concordo com vocês com a visão que os pais possuem de escola como depósito dos seus filhos. Os alunos não dão valor ao benefício que recebem como uniformes, cadernos, lápis, borracha, mochila, estojo, uniformes e até calçados. o benefício que deve ser valorizado passa a ser visto como um dever da escola, mais um motivo de cobrança dos pais. O comportamento contava bastante no momento de chamar os pais para uma reunião, porque os filhos morriam de medo deles. O medo ainda fazia parte dos adolescentes até a vida adulta, porque os pais eram presentes na escola e a educação primária dos filhos. Quanto aos alunos "diferentes" acredito que sempre existiram, só não tinham laudo, eram esforçados, possuíam uma família presente e responsável e os casos de deficiência mais severos frequentavam instituições de ensino como as APAES, não tinham o direito de frequentar uma escola "normal" e a chance de aprender, devemos ter o cuidado de não generalizar todos os portadores de deficiência como iguais, assim como a lei os faz. Acredito que a inclusão deva ser benéfica para aqueles alunos capazes de aprender. Os demais deveria haver uma escola profissionalizante que abordasse aprendizagens para a vida diária e adulta. Os alunos não “deficientes” ou as pessoas “normais”, adquiriam um preconceito ainda maior ao se depararem na rua com alguma pessoa portadora de deficiência, como se fosse uma doença contagiosa. É complicado falar de inclusão, porque o que vejo hoje em alguns casos, é que o deficiente é mais um obstáculo para o professor e mais um problema a ser enfrentado, diante de salas numerosas e alunos com comportamentos inadequados, que influenciam alunos deficientes que possuem ingenuidade e imaturidade emocional perante outros alunos, e que para não serem excluídos, acabam por copiar comportamentos inadequados em alguns casos. Outros se aproveitam do laudo que possuem para driblar obrigações e se redimir da capacidade que possuem. Em alguns casos isto precisa ser revisto, principalmente no ensino fundamental II, onde as dinâmicas de aula e dos professores são bastante diversificadas e não comportam uma formação para lidar com alunos portadores de deficiência e muitas vezes, a escola não está preparada para isso, como vemos em diversas regiões do país. É complicado avaliar um aluno não alfabetizado e que compreende o que é uma nota. Muitos acabam tendo problemas maiores de comportamento, porque eles sabem que nada fazem e mesmo assim, são aprovados e passam de ano, tiram uma nota maior que aquele que outros alunos, mesmo não conseguindo fazer nada, como fica para os demais alunos esta discussão, acaba que sendo injusto e desmotivação. Dar um “cinquinho” é um mito, não está escrito nos parâmetros educacionais que os professores devam dar um cinco para estes casos, necessitamos abrir discussão, como também dar uma mesma avaliação para o aluno que não sabe ler ou não está no mesmo nível de aprendizagem que a série em que frequenta, necessitamos adaptar conteúdo de acordo com as suas capacidades. Deve haver preparo e capacitação para este tipo de dificuldade, lidar com a diversidade na sala de aula é fator de praxe e nós professores precisamos estar preparados. Precisamos ler a mesma cartilha de limites, tanto das instituições terapêuticas que estes alunos frequentam, como a família, os professores e todos que trabalham na escola, quando o assunto é limite, até mesmo para estes alunos portadores de deficiência. Alunos portadores de deficiência necessitam se estabelecer numa sala de poucos alunos, onde é possível o professor dar uma atenção especial e mais individualizada, o que não é possível comportar nas escolas públicas. Isto que penso Bruna, não é preciso nem 20 anos para provar estes resultados, até menos, já estamos vendo!

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  5. Nanci Marti Chiovitti7 de maio de 2013 às 06:23

    Concordo com a Bruna em relação a sermos “babás de luxo”, pois realmente o professor não tem valor numa sociedade que simplesmente se acostumou a tirar proveito do assistencialismo oferecido pelos órgãos públicos. Estudar já não traz a perspectiva que tínhamos em relação e emprego e uma melhor qualidade de vida... estes dias, disse em sala que quem não estuda tem muito mais chance de seguir o caminho da criminalidade e ir parar na cadeia. Justamente os piores da sala começaram a rir... ou seja, estes alunos nem pensam no que será o futuro deles... não veem sentido em ir pra escola, em “perder” um tempo em casa estudando. Acredito que nossos jovens simplesmente não se preocupam, pois acreditam que “não dá nada...”; sempre haverá alguém para “cuidar” deles e fazer as coisas por eles. Esta falta de perspectiva em relação ao futuro vem da falta de diálogo em casa e de limites, pois muitos pais simplesmente dão “tudo” aos filhos e ao mesmo tempo “nada”, pois não oferecem o principal: o tempo e a atenção deles aos filhos.

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  6. A liberdade é confundida com a falta de limites e a possibilidade do aluno ter escolhas e qualquer escolha. Isso não é verdade. Uma criança que ainda está em processo de aprendizagem e formação de seus valores morais e éticos, necessita de parâmetros o tempo todo, principalmente, os adolescentes que por ganharem maior independência em casa e poderem ficar sozinhos enquanto os pais trabalham. Ganham a “liberdade” de poderem fazer o que querem longe dos olhares “moralizantes” dos pais, que nem sempre, possuem os melhores exemplos.

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    1. Paga-se um preço muito alto em nome de uma liberdade falsa. É mais do que sabido que liberdade sem parâmetros levam a uma prisão em si mesmo, a vida torna-se muito mais complicada, pois em tudo o que se insere não se leva adiante. O indivíduo leva tão a sério essa busca pelo prazer, que qualquer atitude ou situação que impeça ou perturbe essa busca, ele se revolta, foge, perde a razão e acaba por se distanciar das possibilidades de crescimento, sejam elas quais forem. Torna-se um ser arrogante, pretensioso e de difícil convívio.

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  7. Educar os filhos sob estas novas perspectivas, ao contrário do que todos pensaram que seria, é muito mais penoso, pois ao dar às crianças os “poderes “ que hoje são dados, os pais acabam por submeter-se a um turbilhão de problemas familiares vindo de todas as direções, sem nenhuma condição ou possibilidade de previsão, sentido ou razão. É como dar instruções por escrito para um sujeito transportar, com um caminhão, uma carga perigosa até o centro de uma cidade grande. Isso tudo sem levar em consideração que este sujeito é analfabeto, não conhece o local da entrega, não faz nem idéia de como interpretar um mapa e o pior de tudo; não sabe dirigir. As possibilidades de problemas e desastres que esta situação hipotética e absurda pode ocasionar não está tão “absurdamente” distante da realidade que se apresenta na educação moderna. Não se leva em conta que a criança só se guia pelos desejos e impulsos. Então, como em sã consciência permitir que uma criança, sem qualquer discernimento do que é certo ou errado, sem noção de respeito, honra, ética, cidadania, limites,........tome o rumo de sua própria vida. A ordem natural das coisas não pode ser alterada sem que sérias consequências aconteçam. O que se pode notar hoje é que, da maneira como a maioria dos responsáveis conduzem a educação dos filhos, eles terão não apenas a “árdua tarefa de educar na infância”, mas sim uma vida inteira limpando os rastros de.................... (problemas) que seus filhos vão deixar pelo caminho.

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    1. Concordo, Rodrigo.Essa permissividade de que falamos, faz com os pais percam o controle da situação.Daí o aumento da criminalidade, agressividade partido de jovens e adolescentes que vemos hoje em dia.

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    2. Olá Rodrigo. Quando você diz "(...) eles terão não apenas a “árdua tarefa de educar na infância”, mas sim uma vida inteira limpando os rastros de.................... (problemas) que seus filhos vão deixar pelo caminho", era justamente sobre isso que eu estava me referindo no meu primeiro post.

      A educação não termina na infância ou na adolescência. Ela pode ser levada à vida adulta. Muitas vezes os pais até ensinam na infância, mas a personalidade inata da pessoa, ou a sua percepção de mundo, não permite que ela aprenda precocemente, ou muitas vezes não permite que que a pessoa aprenda. É muito fácil ver isto em famílias com mais de um filho, todos os filhos recebem a mesma educação, mas isso não significa que todos seguirão pelo mesmo caminho, uns podem se tornar pessoas éticas enquanto outros possuem "defeitos" mais graves. Conheço uma história fictícia que me faz refletir muito. Era uma vez dois irmãos, gêmeos idênticos. Um mendigo, o outro empresário e pai de família. Um repórter curioso, perguntou a cada um, separadamente, como haviam trilhado seus caminhos até o presente momento. O mendigo respondeu: "Meu pai era alcoólatra, violento comigo, meu irmão e nossa mãe, e um dia ele saiu de casa. Como não tive um bom exemplo de vida, acabei me tornando mendigo. O empresário respondeu: "Meu pai era alcoólatra, violento comigo, meu irmão e nossa mãe, e um dia ele saiu de casa. Isso me serviu de exemplo para eu perceber que não era isso que eu queria para a minha vida, e por isso lutei para levar uma vida honrada e construir uma família harmoniosa".

      Retornando a um dos exemplos que citei, sobre ir preso por dirigir embriagado, isso pode ser uma oportunidade de mudar uma pessoa para melhor ou para pior. Se o pai for irresponsável, vai passar a mão na cabeça do filho, pagar a fiança e ainda falar mal da polícia. O bom pai ou vai deixar o filho na cadeia se virar sozinho. Ou então, se o filho tiver uma cabeça boa e cometeu um deslize por distração (afinal até as pessoas boas podem se distrair e errar), o pai pode até pagar a fiança e ter uma conversa com o filho, se ele achar que isso é suficiente para evitar a reincidência.

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    3. Sempre cumprir o que foi dito. Se houve a ameaça de que o filho ficaria sem um brinquedo se não fizesse a lição de casa, é preciso cumprir a penalidade se a criança realmente não fez .Sem voltar atrás e sem ter dó.Os pais precisam ser determinados e tranqüilos.

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  8. Nas últimas décadas temos assistido a grandes mudanças culturais. A relação mulher /homem ( e aqui me refiro à entrada da mulher no mercado de trabalho, às divisões das tarefas domésticas e a questão da liberdade sexual para ambos com a chegada da pílula anticoncepcional), a mudança na estrutura familiar, tudo isso interfere na educação. Vemos pais que se sentem culpados por não passar mais tempo com os filhos e por isso serem tão permissivos. A visão de um passado de ditadura, repressor, nos deu como resultado a busca do extremo oposto. Questiona-se a autoridade, em todos os lugares (e principalmente em casa e na escola). Não acredito que o autoritarismo seja a solução e, muito menos, isso que estamos vendo hoje ( com ausência de limites, onde a criança/ adolescente tem razão e, ao mesmo tempo, quando cometem erros não podem ser penalizados!). O caminho seria o meio termo, sem a ilusão de resgatarmos algo, pois vivemos algo novo, nesse momento histórico, onde todos têm pressa. E é com esse material que devemos trabalhar. Claro que devemos usar as experiências anteriores, mas tenho a impressão que dizer que no passado era melhor, acaba sendo um discurso infrutífero e um pouco romantizado.

    (Valéria de Oliveira Soares)

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    1. Orientador: Alberto A. Maia15 de maio de 2013 às 09:41

      Olá Valéria. Para complementar o seu comentário, estou postando um fragmento do texto "A defesa da sociedade está fora de moda?" de Alessandro Garcia Silva, que se encontra na publicação MP-MG Jurídico Ano III - nº12 – abril/maio/junho de 2008. Diz assim:
      "Ressalte-se, por fundamental que o discurso entoado em favor da sociedade, não vem encontrando eco no meio jurídico e ao contrário, sempre que algum aplicador do Direito,se insurje contra a benevolência para com a criminalidade, é automaticamente rotulado pelos penalistas fashion de verdugo e reacionário.
      As arbitrariedades e violências cometidas no período de exceção inspiraram o legislador constituinte na formação da Carta Magna de 1988 erigindo uma série de direitos e garantias individuais justamente para aplacar as indevidas injunções estatais na esfera de liberdade do cidadão.
      No entanto, numa linguagem coloquial como diriam os nossos avós, no alto da sabedoria amealhada com anos de vida, “nem oito, nem oitenta”. Assim, sob a égide de defender o status libertatis não podemos inviabilizar o poder estatal de punir ou torná-lo uma capitis diminutio, “demonizando” o processo penal transformando-o, sob a ótica de muitos penalistas “modernos”, em um instrumento do furor persecutório do Estado-Leviatã.
      Dessa forma, ultimamente, venia permissa, nos deparamos com interpretações doutrinárias e jurisprudenciais que causam espanto não só pela criatividade e conteúdo laxista, mas acima de tudo pelo descompromisso total com a vítima do crime e com a sociedade em geral."

      Então Valéria, perceba que as dificuldades em termos referenciais e limites claros para acões no âmbito da segurança, da educação e da família surgem, também, porque "o discurso entoado em favor da sociedade, não vem encontrando eco no meio jurídico".
      Texto muito esclarecedor.

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  9. Nanci Marti Chiovitti13 de maio de 2013 às 17:55

    Tanto a educação que as crianças estão recebendo em casa, quanto na escola, deixam algo a desejar, pois não é uma educação nem libertária, nem repressora. A educação repressora geraria limites aos nossos jovens. Já a educação libertária ao menos geraria nos mesmos senso crítico e o não conformismo. O jovem de hoje parece estar alienado. A ausência de convívio social, de convívio com a família, têm gerado cada vez mais o uso de redes sociais. Por vezes, estas redes ajudam a criar uma falsa visão do real: a pessoa projeta o que gostaria de ser ao formular seu perfil. Nós, educadores e também os pais, muitas vezes não damos a real importância que esta tecnologia tem na vida do adolescente, pois quando passammos a ter acesso à esta tecnologia, já havíamos formado nossa consciência e senso moral e étiico. Para estes jovens, redes como o facebook têm sido uma verdadeira válvula de escape diante da falta da parâmetros... o adolescennte de hoje cresce num mundo onde tudo vem pronto e valores como a solidaderiedade, o cuidado com o outro, o "trabalhar em equipe", a honestidade e sinceridade nas relações humanas têm perdido o sentido. Sem uma parceria entre escola, família e sociedade não conseguiremos reverter este quadro.

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    1. Interessante essa idéia de integrar escola, pais e sociedade na busca de uma solução para os problemas da educação. No entanto, como atrair os pais para a escola se, em sua maioria, estes, delegam para a escola sua missão de educar, o que mais querem é ficar distantes dos problemas relacionados à indisciplina dos filhos, e são justamente estes que desintegram qualquer possibilidade de uma melhora do trabalho escolar. Me parece que todo o esforço nesse sentido fica comprimido perante as políticas educacionais, pelas leis de “proteção” ao jovem, pelos interesses políticos. Essas ações que tentam integrar sociedade e escola acabam sendo apenas paliativas, pois quando terminam, tudo volta ao caos cotidiano; classes lotadas, indisciplina, bons alunos que merecem atenção especial, pois exalam potencial, mas não conseguimos devido ao fato de exercermos concomitantemente ao magistério a função de cuidadores.

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    2. Realmente as leis "protegem" os jovens entre aspas. O que é chamado de proteção é eu chamo de "passar a mão na cabeça". Nas últimas notícias sobre crimes cometidos por menores de idade, o autor do delito o comete conscientemente, ou seja, muitas vezes não foi coagido, e a principal motivação é a certeza da impunidade. Eu realmente não consigo entender o que se passa na cabeça dessas pessoas que fazem as leis, esse sistema injusto de justiça. Se elas se preocupam tanto com os direitos humanos, por que não protegem (dessa vez sem aspas) as vítimas desses infratores? Se a justiça é cega, é cega para quem?

      Hoje se discute muito sobre a redução da maioridade penal. Mas não adianta fazer isso simplesmente se não houver os valores. Se a idade mínima penal cair para 16 anos, crianças de 14 continuarão a cometer crimes!

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  10. O texto retrata muito bem o perfil dos jovens nos dias de hoje.Liberdade com limites! Não se pode confundir liberdade com transgressão às leis e às regras que começam na família.Na sociedade atual, na qual as mães também trabalham fora, tenta-se suprir essa ausência com bens materiais e permissividade no intuito de agradar os filhos,e não percebem o quanto essa ausência de limites e hierarquia é prejudicial para a vida futura desses adolescentes.Esses, serão adultos que sempre vão querer se dar bem, sem se preocupar a quem vão prejudicar para conseguir o que querem.

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  11. Infelizmente estamos vendo a criação de uma geração que não saberá lidar com nenhum tipo de frustração e cobrança. Estão acostumados a ganharem tudo o que querem, no momento em que julgam necessário. A sociedade mudou. Muitos valores mudaram. A estrutura familiar mudou. A criação dos filhos mudou. A única instituição que pernanece com os mesmos conceitos do passado é a escola. Estamos lutando sozinhos contra tudo e contra todos. Devemos lembrar que muitos dos pais que nos criticam foram alunos que não gostavam de ir à escola e exatamente por isso enxergam essa instituição como uma grande vilã. Não sei se conseguiremos inverter o jogo, ou seja, trazer esses pais para a escola como nossos aliados. Sou muito pessimista em relação a isso.

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    1. Infelizmente Letícia, eu também não tenho uma visão otimista da situação que nós vivemos enquanto educadores.Os pais estão transferindo para nós a educação de seus filhos.Nós transmitimos aos alunos a educação formal; e é claro que falamos de ética, de cidadania e valores.Mas esses exemplos morais e éticos e princípios devem vir de casa.E esses mesmos pais que nos pedem ajuda, nos criticam na primeira oportunidade quando repreedemos seus filhos por alguma conduta inadequada.

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    2. Letícia eu entendo e concordo com você, quando afirma: "A única instituição que permanece com os mesmos conceitos do passado é a escola", contudo se a escola ainda tivesse usando a palmatória, nós teríamos aluno falando "não enche já estou entrando" [ no final de uma aula que ela matou para chegar antes do profissional que iria entrar na aula seguinte ] - se os pais respeitassem cegamente os professores a ponto de apanhou do professor na escola, também apanha em casa - ficou sem nota promocional no fim do 4o. bimestre, o aluno vai passar o mês de janeiro inteiro estudando e se faltar 0,25 pontos do total que precisa para fechar a média dos 4 bimestres com 5,0 é reprovado [ podíamos nesse caso adaptar para os dias de hoje e perder a bolsa família, bolsa gás, bolsa de maquiagem e qualquer outra bolsa que seja criado para dar votos a algum politiqueiro ] se essa antiga escola, a escola que meu pais estudou era assim, se essa escola fosse nos dias de hoje sem toda essa legislação fajuta do BNDS, para medir a estatística de aprovação, sem esse (mel)éca que faz de menor aviãozinho para traficante,que faz com que os filhos ameacem os responsáveis a serem denunciados na justiça, essa escola deu jeito, meu pais não virou bandido, minha mãe foi reprovada em matemática por 0,25 pontos e nem por isso ficou traumatizada pelo contrário hoje ela é diretora de escola aposentada, eu tinha orgulho de levar o "boletim" para casa e PRESENTEAR MEUS PAIS com minhas excelentes notas, pois era a maneira de dizer: "OBRIGADO PAPAI, MAMÃE, POR EU NÃO PRECISAR TRABALHAR E ME DEDICAR AOS ESTUDOS".

      A única instituição que perManece com os mesmos conceitos do passado é a escola, QUEM BOM SE ISSO PUDESSE VOLTAR A ACONTECER, hoje nós apenas iríamos ensinar nossas especialidades e não precisaríamos nos desdobrar, perder a saúde, ficar doente emocionalmente e fisicamente e ainda sair frustrado de uma sala onde o único movimento de encontro com o aprendizado é "quando a cortina, empurrada pelo vento vem de encontro ao professor". (JRJ)

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  12. A charge nos mostra uma situação que presenciamos muitas vezes em nosso cotidiano profissional, quando falamos com os responsáveis por um aluno problemático com baixo rendimento escolar podemos perceber, claramente, o porque das atitudes do adolescente. Enquanto, as famílias verdadeiramente responsáveis se colocam ao lado da escola, ou melhor, se colocam ao lado daquilo que vai propiciar o desenvolvimento adequado do seu filho, outras famílias, de forma irresponsável, não assumem as suas próprias tarefas enquanto educadores, afinal, a primeira instância da educação é a família, estas irresponsáveis delegam suas obrigações para qualquer instituição a que consigam empurrar, infelizmente a escola é vista por estas como um depósito de filhos, filhos não desejados em casa. Como consequência temos o absurdo deles acreditarem que estão ao lado filho quando exigem aprovação automática, quando a verdade é exatamente ao contrário, estariam do lado dos filhos se exigissem que este tivesse melhor educação.

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    1. Lucimara, concordo com você em gênero, número e grau.

      Mas eu acredito que eles, os responsáveis, sabem que estão se enganando, quando afirma que estão do lado do filho e querem o melhor para eles, na verdade esses
      (i)responsáveis, sabem que estão engando a todos porque se não eles precisarão estudar com "pupilos" e para isso "gastar" um tempo com aquilo que no pensamento deles NÃO VALE A PENA - seus filhos ou enteados ou netos ou sobrinhos ou seja lá o laço que os unem, não vale a pena investir tempo com eles, será que é porque o mesmo aconteceu com esses pseudo adultos quando na sua infância????????????????

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    2. É hoje não somos mais professores , nos foi delegada a função de babá,já ouvi mãe dizendo para nós:"Quem tem que educar meu filho é a escola",é fácil passar obrigações a outras pessoas ou Instituições....

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  13. Nanci Marti Chiovitti20 de maio de 2013 às 22:34

    Cabe aqui relacionar as postagens dos colegas ao seguinte trecho:
    "A desregulamentação é a ordem da vez. Vivemos em uma época líquida, em que os pilares da civilização moderna foram derrubados em favor de um crescente hedonismo. 'O reclamo de prazer, de sempre mais prazer e sempre mais aprazível prazer' é o nosso objetivo supremo, sacrificamos a ordem e a tradição por ele, não há mais limites nem morais nem civilizatórios que impeçam essa busca. O mal-estar da pós-modernidade tenta explicar o que tem ainda gerado desconforto no mundo atual, imperando um individualismo excessivo, um consumismo desenfreado, enfim, uma era de incertezas e fluidez, relacionamentos humanos frios e inconstantes." (Zigmunt Bauman)
    Freud colocava que a sociedade moderna reprimia a agressividade e a sexualidade do indivíduo, retirando-lhe a individualidade. Mas e agora? O que temos? Apenas o indivíduo... pais individualistas,que apenas satisfazem os gostos dos filhos para não ter que ouvi-los "reclamar"; filhos individualistas, que querem as novidades tecnológicas a qualquer custo.
    Parece que será necessário à nossa sociedade resgatar certas tradições, como o almoço em família, o domingo de pique-nique no parque, os pais jogando com os filhos, os primos brincando juntos em casa, etc... enfim, é preciso superar esse excesso de individualismo e criar relações com maior cumplicidade e comprometimento; é necessário que os pais voltem a se interessar realmente pelos seus filhos

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    1. Dar o exemplo é a melhor forma de educar .Com atitudes corretas, ao manifestar respeito ao próximo , ao ter ética e honestidade é possível mostrar às crianças quais comportamentos são corretos e quais não serão aceitos.

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  14. "Onde ficou a referência, o exemplo, o limite, as responsabilidades????" essa foi a pergunta que a nossa queria, amada, salve salve, diretora do coração, Elaine Ferraz, deixou na sua participação.

    A resposta mais simplista seria os "professores", mas eu afirmo que NÃO, pois nem os responsáveis pelos nossos alunos (não temos mais educandos em sala de aula), muito menos eles próprios - os "sem luz" têm pelo professor uma referência ou espelho para se guiar, pelo menos na totalidade da minha classe no único 9o. ano que tenho isso se aplica. Hoje eu encontrei uma ex - educanda que me pediu um simples ano de 8o. ano para estudar sistema de 2 equações e 2 incógnitas e na nossa conversa ela quase me levou as lágrimas, pois a dedicação e empenho para entrar na Unicamp é tamanha que quem dera eu tivesse em 30% da sala 1/4 desse desejo de vencer na vida via estudos acadêmicos. Essa geração que já faz quase 3 anos que saiu do A.F.M. ainda via no educador, pois eles eram educandos, exemplo, espelho e modelo, quando isso faltava em casa, mas hoje, eu sou pessimista e estou muito desapontado com o rumo que esse jovens estão seguindo - "hoje eu dou aula para o mobiliário da sala de aula e a única movimentação no encontro do conhecimento é quando o vendo leva a cortina a meu encontro "(JRJ).

    Por tanto, minha querida diretora, "não sei onde estão as referências dessa juventude, e de suas famílias que não dão Norte para eles seguirem e o que é pior nem Sul, Leste, Oeste, Noroeste, Sudeste ou seja não ha rosa dos ventos para eles". (JRJ)

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  15. O lindo texto de Rui Barbosa que dá continuidade a esse fórum, mostra que hoje é bonito ser feio, ai de mim que nasci bonito, que é certo errar, que é honesto roubar e que o errado é aquele que para no sinal vermelho no semáforo, que dar lugar aos idosos ou respeitar seus acentos preferenciais ou filas é coisa de babaca e as vagas de idosos e deficientes físicos foram criadas para os "espertos", ontem saindo de uma grande rede de supermercados em Campinas me deparei com uma cena absurda: o cliente parou em fila dupla, ao lado da calçada, descarregou o carrinho de compras, foi embora e deixou o carrinho do supermercado no meio da rua, nem se quer colocou em cima da calçada, só por que estava garoando???????????????????????????? Não, com certeza é porque ele pensa que vai vir um imbecil e irá tirar o carrinho do lugar.
    Como é que Rui Barbosa sabia de tudo isso, será que ele escreveu esse texto a poucos dias, ou ele profetizou algo que ainda iria acontecer, ou talvez isso já se faz notório e trivial a muito tempo e nos dias de hoje isso está acontecendo a torta e direita porque a grande maioria da população se acostumou a "De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto". (Rui Barbosa)

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  16. Antigamente a criança não tinha vez, querer ou escolhas.Quando ultrapassava o limite estabelecido pelos pais era
    castigada, e o costume era aceito pela sociedade como normal e necessário.Hoje em dia, muta coisa mudou e as crianças passaram a ter vontade própria,direitos e necessidades específicas. O modo de educar os filhos tornou-se muito menos autoritário.A mudança no tipo de relacionamento entre adultos e crianças originou turbulências e, enquanto novos valores apareceram,adultos perderam o rumo e a educação de crianças ficou sendo uma tarefa complicada, desgastante e muitas vezes frustrante.Muitos confundiram a necessidade de mais liberdade com total falta de limites. Alguns livrossugeriram aos pais liberdade total para os filhos. Aqueles que foram filhos de pais muito rígidos acreditam que deviam ser o contrário , enquanto outros acreditam que não devem negar nada às crianças.Esta situação ainda tem gerado muitas dúvidas e confusão nos pais,que muitas vezes se encontram
    perdidos e não sabem muito bem como lidar com seus filhos em relação a limites.

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